sábado, 9 de janeiro de 2010

Romanceiro da Inconfidência - Cecília Meireles...
















Apesar de ser essencialmente lírica, subjetiva e pessoal, Cecília Meireles não deixou de realizar a chamada poesia social.
E mesmo neste campo, Cecília afirmou sua subjetividade ao fato histórico.
Foi no movimento da Inconfidência Mineira, com suas lendas, tradições, sua atmosfera de almas penadas, de bruxas, de enforcados, de suicidas, que sua sensibilidade buscou o social.
Esta busca do social afinou ainda mais o seu instrumento lingüístico.
De fato o Romanceiro da Inconfidência é a combinação de sensibilidade poética, domínio absoluto da linguagem, erudição e pesquisa histórica.
Antes de tudo, o que se destaca nesse livro é a sua rigorosa unidade.
O Romanceiro desenha-se como uma obra que tem cabeça, tronco e membros, e que leva a cabo um assunto difícil.
De fato, Cecília Meireles não faz poesia-manifesto nem de programação política.
A visão histórica e social não influenciou sua expressão poética.
Ao contrário, o mito e a dimensão histórica surgem da riqueza poética...

Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência.
E diz o Vigário ao Poeta:
Escreva-me aquela letra
do versinho de Vergílio...
E dá-lhe o papel e pena.
E diz o Poeta ao Vigário,
com dramática prudência:
Tenha meus dedos cortados,
antes que tal verso escrevam...
LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva,
e sobe, a noite imensa.
E os seus tristes inventores
já são réus pois se atreveram
a falar em Liberdade
(que ninguém sabe o que seja).


Fonte: Internet.

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