domingo, 28 de fevereiro de 2010

Metanóia...

Luiz Carlos, meu irmão mais velho, visitou-me numa tarde dessas e me trouxe vários livros interessantes.
o hábito da leitura é uma característica comum na nossa família.
A troca de livros entre irmãos, primos e amigos é sempre muito bem vinda.
É sempre um bom mote para discussão, agora que estamos mais unidos e nos encontrando com mais frequência.
Dentre os livros que ele me deu, o que chamou mais a minha atenção foi o “Metanóia” de Roberto Adami Tranjan, da Editora Gente.
A palavra pareceu-me algo próximo de “paranóia”, ou seja, uma doença que alguém adquiri por ser viciados em metas.
Confesso que sempre trabalhei com metas e conheço muitos profissionais que adoram e outros que tem verdadeiro pavor até de escutar a palavra.
Depois de ler “Metanóia”, o que eu já sabia se confirmou.
Com uma história simples, o autor nos mostra que esta nova ferramenta só se torna eficaz se nos propormos a mudar os nossos padrões de comportamento, que muitas vezes, já estão tão arraigados, moldando nossa personalidade, que a gente nem se dá conta.
Longe de ser paranóia, metanóia é uma palavra de origem grega e significa arrependimento, conversão (tanto espiritual, bem como intelectual), mudança de direção e mudança de mente; mudança de atitudes, temperamentos; caráter trabalhado e evoluído.
Pensando nisso tudo, cheguei a conclusão que a metanóia é uma das melhores saídas para a continuação de muitas empresas.
Porque a metanóia traz uma nova consciência e propõe uma mudança dos padrões limitantes da nossa vida.
Eu já vivi essa experiência várias vezes na minha vida profissonal, inclusive postei uma delas no meu blog com o título “Um sonho realizado”.
Esse momento foi uma das pérolas da minha vida.
Para compreender melhor tudo isso, vamos precisar lembrar e entender alguns conceitos básicos e muito importantes.
Primeiramente vamos conceituar o que vem a ser meta:
Meta - marca a pessoa se posicionando no futuro, desejável e se esforçado para implementar as condições (objetivo).
Uma meta não é a mesma coisa que um objetivo e vice-versa.
Uma meta é um objetivo relacionada a tempo e valor, ou seja:
- Vou comprar um carro (objetivo) de R$ 20.000,00 (valor) até dezembro de 2008 (tempo/prazo).
Uma meta é um objetivo traduzido em termos quantitativos, por exemplo:
O objetivo é aumentar a temperatura de fusão e a meta é chegar a 1000 graus centígrados.
Quando uma pessoa tem um objetivo com metas estabelecidas, ela não se ocupará de outras coisas que são secundárias.
Pois a meta exige tempo e dedicação para ser atingida.
Objetivos e metas são alvos ou fins que o administrador deseja atingir.
As metas devem ser específicas, desafiantes, realistas, qualificadas e associadas a um horizonte de tempo, aceitáveis para os que devem atingi-las e consistentes.
Percebo que muitos profissionais confudem o conceito de meta e vivem esperando o futuro e reafirmando que meta, marca a pessoa se posicionando no futuro, tentando sobreviver no presente e esperando o futuro para poder viver.
Muitas empresas e pessoas se estagnam neste ciclo chamado de “Ciclo da Sobrevivência”, chegando muitas vezes até a sucumbir.
Vejo claramente que muitos profissionais adquirem padrões limitantes quando percebem que nunca têm tempo para nada, não tem idéias novas e a sua vida pessoal é um caos.
Alguns trabalham mais de doze horas por dia,sem descanso para almoço, final de semana e muito menos férias.
Já fiquei um tempo neste ciclo e só consegui sair, depois de uma depressão que quase custou a minha sanidade mental e talvez até a minha vida.
Na verdade, os fatores limitantes se instalam primeiro na personalidade do empresário que cria clichês como: não mudo time que está vencendo e nunca tenho tempo a perder com os meus colaboradores e fornecedores.
Deixo os meus clientes fidelizados para o segundo plano, passando a me preocupar somente com aqueles que nem consigo atender satisfatóriamente e penso sempre numa solução à curto prazo.
Finalmente, estas atitudes de curto prazo, inicialmente milagrosas, vai se alastrando por todos os colaboradores, até que começam a fazer parte das ações da empresa como um todo.
Esta empresa torna-se uma “Empresa sem Vida”.
Temos visto empresas que já fizeram parte das “ Maiores e Melhores”, ganhando prêmios e muitas badalações em todas as revistas especializadas, que começam a viver do passado e se tornam rapidamente “Empresas sem vida”, trabalhando apenas para sobreviver.
O mais estranho é que quando olhamos de fora, vemos todo mundo correndo para todo lado, trabalhando como loucos e tentando “apagar incêndios”.
São verdadeiros “bombeiros” tentando apagar incêndios o dia inteiro, dando uma sensação vazia de que não existe nada de produtividade nesta correria.
Mas nenhum colaborador interno consegue perceber nada.
Mas os relatórios gerencias e os números do fluxo de caixa passam a exercer um verdadeiro terror à todos na empresa.
Consultores e gestores externos podem alertar os responsáveis pela empresa, que ela está estagnada e neste ciclo e que eles precisam tomar consciência de como estão sobrevivendo, para finalmente conseguir empreender uma mudança.
Quando não conseguem esta consciência, eles atribuem a má fase a fatores extermos como a crise, juros altos, governo, carga tributária excessiva e um ciclo que se repete constantemente de altos e baixos.
Quantas vezes cheguei em empresas que os funcionários me contavam suas rotinas, mas não tinham a menor idéia do que e para que faziam aquele trabalho.
Não lhes era dado a chance de pensar.
Perguntava se eles tinham outras idéias melhores e eles confessavam que já tiveram mas ninguém conseguia tempo para escutá-los e muito menos para avaliá-las.
Então, eles desistiam e continuavam trabalhando com uma sensação de infelicidade e perdendo a motivação pelo trabalho.
Outra dica para percebermos quando uma empresa está se tornando sem vida é quando seus colaboradores não reciclam nada, envelhecem e ficam loucos para o expediente acabar.
O mais comum nesses casos é acontecer algo drástico como a perda do maior cliente ou o melhor fornecedor e perder algum talento humano para um concorrente que já está incomodando a empresa.
Chegando no ponto mais baixo da Senoide ou no fundo do poço como costumamos falar.
Neste momento, quando se atinge o ponto mais baixo da Senoide é hora de tomar impulso, buscar uma forma de voltar ao crescimento novamente e atingir novamente o seu pico máximo.
Nesta hora é importante se conscientizar que existe o ciclo da abundância.
O primeiro passo é substituir o ciclo – sobrevivência, escassez, competição, controle, repetição pelo ciclo da abundância – possibilidades, abundância, cooperação, risco e inovação.
Muito simples na teoria, mas para partir para prática é necessário esforço e persistência para mudar os padrões limitantes do ciclo anterior.
Quantas vezes aprendemos algo novo, ficamos entusiasmados e depois de alguns dias, deixamos aquela “vozinha interior” nos amedrontar e desistimos de todos os nossos planos e metas?
É preciso lembrar também, que não existe vida pessoal e vida profissional, mas sim um ser integral com uma vida plena, onde o pessoal e o profissional se complementam.
A congruência é perfeita, porque quando acertamos a nossa vida profissional sob a visão da Metanóia, a nossa vida pessoal se acerta como se já estivesse moldada no projeto, no Ciclo da Abundância.
Gosto muito da palavra congruência porque ela vem da matemática e significa: Acordo, conveniência, coerência. Na matemática igualdade, mútua dependência: congruência de duas figuras.
Neste momento, você descobre quem se compromete com esta mudança.
É muito importante o envolvimentos de todos os dirigentes,todos os colaboradores e também aprender que em casa é necessário tranquilidade, paz, motivação e envolver também o seu parceiro numa compreensão maior para o comprometimento desta mudança.
O grupo se forma por aceitação e comprometimento.
Se o grupo conseguir uma adesão dos colaboradores para este novo ciclo é necessário além da tecnologia e as aptidões, cooperação, correr riscos de se expor, tendo assim, que sair daquela zona de conforto que muitas vezes vai minando o profissional e finalmente a inovação.
Nesta nova forma de gestão, os não comprometidos saem e vão buscar outro lugar que lhes são confortáveis e sem necessidades de novos aprendizados, cooperação, inovação e provavelmente iram procurar outra empresa que vive no ciclo da sobrevivência.
Este ciclo é trabalhoso, mas prazeroso e motivador.
Os novos aprendizados, a criatividade e a cooperação são rapidamente compensados com novas metas e novos resultados.
Os relatórios gerenciais serão somente para provar que as inovações estão sendo concretizadas e o planejamento sendo feito a longo prazo e o seu dia à dia será sempre um acompanhamento para não retornar aos velhos padrões.
A elaboração de uma Carta de Intenções por todo o grupo, substitui aquelas regras que estavam nos manuais que ninguém entendia ou questionava.
E os desafios são transformados em vitórias diárias, semanais, mensais e anuais.
Todos se tornam plenos e quando alguém vacila, a Carta de Intenção que foi feita pelos comprometidos é acionada e voltam novamente aos novos padrões.
No Ciclo da Abundância, o monitoramento é como um habilidoso maestro, que diante de qualquer dificuldade, rapidamente registrada, uma ação talentosa é implantada e a orquestra continua tocando com a maestria anterior.
E sejam bem vindas as novas empresas engajadas com as necessidades atuais como:
Ecologia, educação, saúde e as novas necessidades que o Ser Integral e Pleno necessita.

Lucia Faria

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