quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Por que escrever um diário?

Algumas considerações iniciais que preciso fazer, antes de começar esta tarefa.
Primeiramente sempre quis fazer um diário, desde criança.
Apesar de saber que a inveja não é um sentimento elevado, eu sempre ficava arrasada quando via as meninas nos filmes, com “aqueles diários cor de rosa”, contanto tudo de suas vidas, como se já tivessem feito o curso superior de letras.
Quando penso nisso, vejo que começamos a ter uma visão distorcida das coisas desde a infância.
Depois, quando comecei um, já saindo da adolescência e começando a vida adulta, levei o meu diário para Varginha, para um final de semana prolongado na casa da minha amiga Elba.
Claro que eu nunca imaginaria que a irmã dela, além de ler o meu diário, contaria toda a minha intimidade para ela.
Aos dezoito anos saí de casa.
O meu pai sempre acreditou que os filhos depois dos 18 anos deveriam morar sozinhos.
Quando eu fiz dezoito anos, ele resolveu que era hora de colocar sua idéia em prática.
Fomos então, os quatro filhos mais velhos, morar em um apartamento no bairro Floresta.
Confesso que eu me senti emocionalmente debilitada e com a auto-estima quase aniquilada, não consegui mais escrever.
Eu achava que não valia nada, porque meu pai quis nos abandonar e dividir a família.
Luiz, Natália, Geraldo e eu, não éramos compatíveis com ele para conviver.
Naquele momento e tão nova, eu não entendi nada.
Mas apesar de tudo, me deu um certo alívio, quando saí da nossa casa na Pampulha pela manhã, fui trabalhar e à noite, cheguei ao apartamento da Floresta e só saí de lá para casar-me com o Richard.
Cresci, amadureci, acabei de me criar e fiz e ganhei a minha vida, sempre fazendo minhas escolhas sozinha e aprendendo a ser forte, ou pelo menos, consciente da minha capacidade.
Por tudo isso, preservo a minha intimidade como o bem mais precioso, mas sempre alguém a invade e eu só percebo quando o relacionamento já acabou.
A minha vida vem neste ciclo desde a infância.
Já fiz todo o tipo de terapia.
Todas possíveis e imagináveis, mas nunca contei para os meus terapeutas as vivências mais difíceis e que me marcaram profundamente.
Quando resolvi fazer o blog, sob a inspiração da Rebecca e do Cláudio, alguma coisa mudou na minha vida.
Acho que me redescobri e lembrei que sempre tive uma imaginação fértil e gostava de contar casos engraçados, sempre fazendo algumas pequenas mudanças para ficar mais interessante.
Ficar na mesa das refeições o dia inteiro, contando casos, com discussões acaloradas sobre futebol, política e casos de família e de “assombrações” e motes diversos é um hábito bem mineiro, que está comigo desde os cinco anos, quando o meu avô comandava a mesa e depois, na casa da minha saudosa amiga M, nos bares da vida e hoje em Ouro Preto.
Tenho passado situações muito aflitivas e definitivas na minha vida, que ainda não vou compartilhar com vocês.
Mas o que quero compartilhar mesmo é que eu resgatei o gosto pelos amigos sinceros, os papos das mesas de refeição, na nossa casa em BH e Ouro Preto, nos botecos e descobri que com os amigos sinceros e “irmãos espirituais“, podemos dividir quase toda a nossa intimidade.

Lucia Faria

2 comentários:

  1. Não preciso dizer nada.
    Apenas que te amo muito.
    Seu irmaozinho.....

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  2. Irmãozinho...

    Demorei para responder porque queria saber quem é você.
    Queria ver se alguém dava uma dica, mas confesso que não consigo saber este meu irmãozinho que apenas me ama.

    Obrigada, se mereço o seu amor...
    Também te amo.

    Lucia

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