domingo, 14 de fevereiro de 2010

O Bloco do Zé Pereira – Clube dos Lacaios – de Ouro Preto...














“Reportando-nos a Ouro Preto, antiga capital da Província de Minas Gerais, ressalta-se a presença de portugueses nobres e plebeus que ditavam os valores e as atitudes da sociedade.
Não era de se reparar, portanto, que tudo que aparecesse de novidade na capital do Reino, Rio de Janeiro, fosse copiado na capital da Província de Minas Gerais.
Os Lacaios, empregados do Palácio do Governo, logo organizaram o Zé Pereira de Ouro Preto, denominado Clube dos Lacaios, para concorrer com os Machadinhos, outro grupo carnavalesco da cidade.
Com toda pompa, o Clube dos Lacaios abria as comemorações momescas da época.
Os clarins ecoavam como ecoam até hoje pelas ruas de Ouro Preto.
Até bem pouco tempo, esses músicos vinham montados a cavalo como no Rio de Janeiro.
É desde 1867, que, a duras penas, com luxo ou simplicidade, o Clube dos Lacaios sai às ruas animando a comunidade ouropretana, tendo parado apenas em épocas de guerras mundiais.
Entre os tocadores e participantes do Clube, sempre estiveram pessoas ilustres, cidadãos que perpetuaram o gosto pelo Zé Pereira ao longo de gerações, como o Sr. Teófilo Fortes e irmãos, Sr. Salvador dos Santos, a família do Sr. Humberto Cabral, Sr. Geraldo Pinto da Rocha, a família Chaves, Sr. José Francisco Gomes Sobrinho, Sr. Joel Salles, a família do Sr. Baiano e tantos outros que se dedicaram à preservação do Clube até os nossos dias.
Em 1834, aparecem, no Brasil, as máscaras carnavalescas de influência francesa, feitas de papel machê.
Os tradicionais bonecões - o Catitão e a Baiana - que eram, então, feitos de papel machê, hoje são confeccionados em fibra de vidro para aliviar o peso.
Até bem pouco tempo, também figuravam no bloco os cabeções em formato de animais e personagens cômicos.
O estandarte, nas cores preta e amarela com o símbolo e nome do clube, vem à frente das caixas.
Destaca-se o falecido Tuniquinho, figura típica cuja coreografia que deixou boas lembranças nas gerações dos anos de 50 a 80.
Entremeando as fileiras das caixas, estão as lanternas confeccionadas com bambu, papel celofane colorido e velas ostentadas por um cabo de 1,5 m de altura, proporcionando bonita iluminação.
Finalmente, garbosos e imponentes, vêm os tocadores de taróis, caixas, surdos e bumbos, entoando marchas cadenciadas.
E o curioso é o toque das marchas para as ladeiras mais íngremes, facilitando a coreografia dos cariás e bonecões, e também o descanso de ritmo para os acompanhantes do cortejo.
O cortejo conta também com as brincadeiras dos cariás, homens vestidos de capeta que tiram fogo das pedras com suas lanças e correm atrás das crianças.
São brincadeiras que apareceram no Brasil por volta de 1888, mais especificamente no Rio de Janeiro, com o nome de Zé Codeia, que Ouro Preto mantém.
Com muita animação, O Zé Pereira do Clube dos Lacaios preserva e canta, ainda hoje, nas ruas de Ouro Preto, a sua famosa paródia:

E viva, viva o Zé Pereira
Que bate a bunda na poeira.
E viva, viva o cariá
Que bate a bunda no fubá.


Até os anos 50, além do Zé Pereira do Clube dos Lacaios, desfilavam pelas ruas de Ouro Preto os Cordões, alas de damas e cavalheiros com coloridas roupas de cetim e ornatos de flores de papel crepom, fazendo belas coreografias ao ritmo de marchinhas.
Vê-los passar era a alegria de todos.
Hoje, os Cordões são relembrados pelo grupo Banjo de Prata.
Os moradores mais antigos de Ouro Preto descrevem, ainda, as brincadeiras com os limões-de-cheiro, frutas feitas de esprimasete que continham águas de cheiro em seu interior - flor de laranjeira, jasmim, sândalo e outras frangâncias da época - para serem lançadas nas pessoas durante o carnaval.
As frutas eram moldadas em formas de bronze mediante um processo semelhante ao que se fabrica os ovos de páscoa. Depois de secas, injetava-se nas frutas as águas de cheiro.
A decoração das roupas e adereços femininos, bem como das ruas e dos salões era de papel crepom colorido e de folhagens.” (Salvador Gentil dos Santos, Presidente do Clube dos Lacaios de 2002 a 2004).

Fonte: www.descubraminas.com.br

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