Com o correr dos tempos as moedas passaram a ter uma representação gráfica, geralmente constituída de duas partes: a designação abreviada do padrão monetário, que varia em cada país, e o cifrão, símbolo universal do dinheiro e que se origina etimologicamente do árabe cifr.
A propósito, conta a mitologia grega que o lendário Heracles (Hércules), para realizar um de seus doze trabalhos, teria necessidade de transpor enorme montanha.
Dispondo de pouco tempo para a escalada, resolveu abrir o caminho, rachando a montanha com sua pesadíssima e indestrutível maça e separando-a em duas, ligando, assim, o mar Mediterrâneo ao oceano Atlântico.
De um lado, ficou grande rochedo, mais tarde chamado de Gibraltar, e, de outro, o Monte Acho, a leste da ilha de Ceuta.
As duas colunas, assim separadas, passaram a denominar-se as "Colunas de Hércules".
É conhecido, por outro lado, que, próximo àquela região, os fenícios fundaram, entre os anos 1000 e 800 a.C., um entreposto comercial em Gades (Cádiz), que se desenvolveu rapidamente graças à agricultura do Vale do Guadalquivir e que perdurou por longo tempo.
Mais tarde, o declínio dos fenícios, no século VI, possibilitou a expansão grega no Mediterrâneo, sobretudo no litoral leste e, a partir de 535, Cartago passou a dominar o estreito de Gibraltar, sustando o avanço grego.
Nas guerras Púnicas, após a vitória sobre Cartago, os romanos, por sua vez, alcançaram o Vale do Gualdaquivir, dominando Cádiz e solidificando a ocupação hispânica, embora essa ocupação tenha sido feita de forma gradual e somente completada pela vitória de Cipião, o Africano (Publius Cornelius Scípio Aemilianus Numantinus).
Assim, o Cristianismo surgiu desde cedo na Península Ibérica, em que pese haver a Espanha sido sucessivamente invadida pelos bárbaros, destacando-se os Vândalos, Suevos, Godos, Astrogodos e Visigodos.
Em 660, com a morte de Ali, encerrou-se a primeira dinastia islamita, tendo início a Dinastia dos Omíadas, que perdurou de 660 a 750.
No ano 710 da era cristã os visigodos recusaram-se a reconhecer, como sucessor do reino, o filho do Rei Vitiza, destronando-o, o que levou a família real a recorrer, apesar da predominância, na Península, do Cristianismo, ao auxílio militar muçulmano.
Os islamitas rumaram, então, em direção ao Ocidente, conquistaram o norte da África, de onde, atravessando o estreito de Gibraltar, partiram para a conquista do Reino Visigodo da Espanha e, mais tarde, de toda a Península Ibérica.
Os Visigodos viram-se, então, compelidos a fugir para as montanhas, de onde, reorganizados partiram para expulsar os invasores, numa luta que duraria sete séculos, quando os antigos habitantes da Península Ibérica, no movimento conhecido como Reconquista, derrotaram os dominadores árabes, que se retiraram definitivamente da região, mantendo em seu poder, apenas, a cidade de Granada, que foi retomada pelos espanhóis em 1492.
A invasão do reino Visigodo, pelos árabes, foi realizada no ano 711 da era cristã, pelo general Djebel-el-Táriq (Táriq-ibn-Ziyád), o Conquistador, em nome dos Califas Omíadas.
As incursões muçulmanas levaram ao continente europeu a cultura árabe que, mais tarde, se espalhou pelo mundo, com as conquistas européias, especialmente de portugueses, espanhóis, franceses, ingleses e holandeses.
Existem duas versões quanto ao caminho percorrido pelo general árabe.
A primeira, em que teria Táriq partido de Tânger, cidade próxima ao Marrocos, e da qual era governador.
A Segunda, em que, para alcançar a Europa, teria Táriq partido da Arábia e passado, sucessivamente, pelo Egito, desertos do Saara e da Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos; cruzando o estreito das Colunas de Hércules e chegado, finalmente, à Espanha. Esse estreito, a partir do século VIII, passou a denominar-se Djebel-el-Táriq e, atualmente, tem o nome de estreito de Gibraltar, palavra que se origina do árabe Djabal.
Táriq mandou gravar, em moedas, uma linha sinuosa, em forma de "S", representando o longo e tortuoso caminho percorrido. Cortando essa linha sinuosa mandou colocar, no sentido vertical, duas colunas paralelas, representando as Colunas de Hércules, com o significado de força, poder, perseverança.
O símbolo assim gravado nas moedas passou a ser reconhecido, em todo o mundo, ao longo do tempo, como cifrão, representação gráfica do dinheiro.
Texto extraído do Livro "Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História, 1694/1984"
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