terça-feira, 11 de maio de 2010

Chanel aposta em preto, dourado e rosa para ocupar lugar do Jade...

No comando dos cosméticos da Chanel, Peter Philips é o homem que sabe, antes das mulheres badaladas do planeta, que cor de esmalte elas vão querer usar na próxima estação

O belga Peter Philips, diretor criativo da Chanel cosméticos: de maquiador de talento a criador de tendências











Primeiro foi o verde, depois o cinza. Agora é a vez do turquesa e, daqui a pouco, as revistas de moda e beleza só vão falar em preto e dourado. O que, traduzido diretamente do quartel-general da Chanel se traduz em cobiçados vidrinhos de esmalte Jade, Particulière, Nouvelle Vague, Black Velvet e Gold Lamé. Cores e tons criados pelo belga Peter Philips, diretor criativo para os cosméticos da Chanel e hoje o profissional mais respeitados do mercado de moda e beleza.
Dono do “emprego mais cobiçado em cosméticos”, segundo a revista Vogue, Philips é o homem que mostrou às mulheres, começando por famosas como as atrizes norte-americanas Drew Barrymore e Rachel Bilson, além da apresentadora inglesa Alexa Chung, que elas “tinham” de pintar suas unhas com cores exóticas. O esmalte, batizado de Jade, foi a grande sensação dos cosméticos em 2009 – tanto que esgotou nas lojas e chegou a ser vendido por R$ 240 o vidrinho no site e-Bay. Detalhe: o preço original era R$ 45.

Esmalte Chanel Jade: sensação em 2009










Em seu escritório na sede da Chanel em Paris, Peter Philips é a imagem do executivo de sucesso. Discreto e ultra bem vestido, ele dá muita atenção aos detalhes, como uma vela perfumada na estante e camélias feitas de embalagens recicladas da Chanel. A atenção do visitante, porém, fica para grande mesa em que se espalham as peças do império de cosméticos da marca: desenhos, joias, batons e, claro, esmaltes.
“Em primeiro lugar, não fui eu quem inventou o verde”, contou Philips ao jornal britânico “The Times”. “O verde está aí há muito tempo".
"Acontece que eu estava trabalhando com Karl Lagerfeld (o estilista da Maison Chanel) para a coleção outono/inverno 2009 e o briefing era basicamente preto e branco com toques de tweed verde. Quando vi os acessórios, eram pulseiras, colares e anéis com grandes pedras em jade rosa e verde.”
“Sempre achei que era um tom bonito de verde, mas foi durante o desfile que eu me dei conta como era ‘hot’. Todas as modelos estavam dizendo: “Oh meu Deus, eu tenho que mostrar isso para minhas amigas depois” e ao final do show não queriam tirar o esmalte. Foi aí que eu me dei conta de que tínhamos algo muito especial nas mãos”.
O mesmo aconteceu nos bastidores do desfile para a coleção pré-outono Paris-Xangai, no início de dezembro, que trouxe uma mistura exótica de preto (chamado de Black Velvet), dourado (Gold Lamé) e um tom brilhante e transparente (Illusion d’Or) para as unhas das mulheres. Todos os três estarão à venda em 11 de junho.
“Estamos vivendo um momento em que a cor dos lábios e das unhas são importantes”, afirma a analista de tendências de moda e maquiagem Nica Lewis. “Nos últimos três ou quatro anos a ênfase estava nos olhos, mas agora mudou para as mãos. Em termos de cor de esmalte, versatilidade é muito importante”.
Essa importância se traduz numa batalha feroz nas butiques de cosméticos e nos balcões de lojas de departamento. Embora as coleções de alta costura da Chanel sejam importantes para manter a imagem de luxo que vem atrelada à marca, é a linha de cosméticos que garante a penetração de massa no mercado. Não tem dinheiro para comprar uma bolsa Chanel? Que tal comprar um esmalte? Tem dinheiro para a bolsa Chanel? Então que tal comprar o esmalte para combinar? Qualquer que seja a situação, socialite ou aspirante, a marca sai ganhando.

Lançamento da linha outono/inverno 2010 e a linha que está nas lojas: cosméticos como parte integral da moda











Renovação, sem repetição

Peter Philips assumiu o cargo de diretor criativo do segmento de cosméticos há três anos, quando Heidi Morawetz e Dominique Moncourtois (o último trabalhou diretamente para Coco Chanel) se aposentaram após quase 40 anos cuidando de cosméticos. Formado pela prestigiosa Academia Real de Antuérpia, o celeiro de talentos da Bélgica (que inclui ex-alunos como Ann Demeulemeester e Dries Van Noten), Philips trocou o sonho de ser estilista pelo universo da maquiagem. Ele se tornou um dos melhores maquiadores de moda, sempre com ideias originais, como colocar a cara do Mickey Mouse sobre o rosto de um modelo. Sua grande sacada, porém, foi enxergar os cosméticos como parte integrante da moda.
Isso significa, em alguns momentos, ir contra a tendência em vigor para criar um novo “fetiche” – o sonho de consumo das mulheres. No caso da Chanel, significa fazer com que as mulheres troquem o gloss pelo batom.
Desde o início de março está à venda uma linha de batons com 31 cores, que leva o nome de Rouge Coco. São tons variados de vermelho e carmim, com uma textura que facilita a aplicação. Menos de um mês depois, a cor Mademoiselle (um dos tons de vermelho) já estava esgotada nas lojas.
“Muitas modelos e amigas minhas não conhecem batom porque se acostumaram a usar gloss”, diz ele. “Então eu pensei naquelas mulheres inatingíveis que pisam no tapete vermelho e decidi criar uma linha acessível e com uma fantástica textura. Com isso voltamos com algumas ideias que a própria Coco tinha quando era jovem – algo muito simples, muito espontâneo. Por isso decidimos batizar a linha de Coco.”
A Maison Chanel jamais divulga números de venda. A empresa não diz quantos vidros de Jade, Particulière ou Nouvelle Vague ou mesmo batons Mademoiselle foram produzidos – e vendidos. Mas em países com alto consumo de cosméticos, como Estados Unidos e Reino Unido, a marca de luxo aparece com destaque após as gigantes do setor, como L’Oréal. Somente no Reino Unido, a consultoria Mintel prevê que o setor de beleza e cosméticos vai atingir mais de R$ 4,5 bilhões até 2013. Somente no segmento de esmaltes, o número de lançamentos cresceu 45% no primeiro trimestre deste ano.
Para a artista de unhas Sophy Robson, que tem um dos blogs mais badalados para os adeptos de cosméticos, a Chanel vem se destacando no mercado porque “gosta de fazer algo próprio”. O que mostra que, na moda, a diferença entre o que é brilhante e o que é medíocre é a diferença entre reinvenção e repetição. Para o último desfile da Chanel, as modelos usaram um tom etéreo de rosa. Esse era o “companheiro” esquecido de Jade para a coleção primavera verão do ano passado, mais conhecido como Jade Rose. Juntamente com o turquesa Nouvelle Vague e um par de rosas vibrantes em tom de peônia, mostra que Philips já está pensando adiante. “Quando todo mundo está tentando copiar aquelas cores malucas, Philips já está trabalhando em outra tendência”, diz Sophy. O que pode indicar que a próxima sensação vai ser puro rosa.

Fonte: Época NEGÓCIOS Online.

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