Desde o início do século XX, conhecimentos da Psicologia no apoio à prática administrativa vêm recebendo crescente utilização, graças ao trabalho de muitos cientistas e profissionais, no plano individual e no coletivo.
A Psicologia, enquanto ciência, possui quatro objetivos principais:
1 – Estabelecer as leis básicas da atividade psicológica:
A compreensão insuficiente de mecanismos conduz o Administrador a desgastes emocionais e custos desnecessários.
Por outro lado, o crescente entendimento do funcionamento das atividades mentais vem contribuindo para eficiência e a eficácia das ações, notadamente em áreas como Marketing e Comunicação.
2– Estudar as vias de sua evolução:
A melhor compreensão dos processos que envolvem o desenvolvimento do pensamento capacita o Administrador a estabelecer planos mais factíveis e reduz riscos de implementação.
Por exemplo, no ambiente organizacional, o Administrador depara-se com pessoas nos mais diferentes estágios de evolução do pensamento, contrariando a perspectiva tão popular de que todos possuem os mesmo potenciais e capacidades.
3 – Descobrir os mecanismos que lhe servem de base:
A Psicologia preocupa-se com o efeito que os diferentes fenômenos provocam sobre a atividade psicológica, por exemplo, a reação do indivíduo a situações de estresse – um termo ao qual se atribuem vários significados e que se encontra virtualmente banalizado, gerando entendimentos bastante distorcidos
4 – Descrever as mudanças que ocorrem na atividade psicológica nos estados patológicos:
A psicologia busca compreender as mudanças na atividade psicológica consequentemente ao estado patológico, porque a percepção que o indivíduo possui dos fenômenos liga-se à forma como a mente trata as diferentes sensações.
Mudanças na atividade psicológica dos indivíduos ocasionam alterações de comportamentos, capazes de se refletir no ambiente de trabalho.
Por exemplo: um indivíduo em longo conflito conjugal pode ter a produtividade reduzida pelo desenvolvimento de um quadro de estresse.
USO DA PSICOLOGIA NA ADMINISTRAÇÃO
A convergência de objetivos entre a Psicologia, enquanto ciência, e a Administração enseja instigantes possibilidades de promover ganhos de produtividade conjugados com a melhoria da qualidade de vida, por meio da aplicação de suas práticas e conceitos em várias áreas de interesse.
1 – Comportamento das pessoas em diferentes situações de trabalho:
Há trabalhos caracterizados pela constante presença de novos desafios, aos quais a pessoa submetem-se – querendo ou não – e a eles reagem de variadas maneiras.
Nessas situações, busca-se vencer o medo do desconhecido;
Outras atividades impõem rígida rotina, segundo padrões estabelecidos e pouco sujeitos a alterações, para assegurar precisão e produtividade, não se tolerando desvios aos procedimentos fixados.
Nestes casos, a Psicologia contribui com técnicas de enriquecimento do trabalho, possibilitando às pessoas, dentro de certos limites, desenvolvendo a criatividade e/ou aumentar a capacidade de conviver com períodos de monotonia.
Modificações radicais nas tarefas constituem motivos freqüentes de prejuízos emocionais graves, exigindo trabalhos preventivos.
Por exemplo: Uma organização contava com grande número de motoristas em seus quadros.
Mudanças tecnológicas levaram à gradativa redução da quantidade de veículos, ao mesmo tempo em que os novos profissionais, de qualquer área técnica, passaram a ser contratados já com essa habilitação.
Com redução de suas atividades, muitas pessoas apresentaram sinais de transtornos somáticos e psicológicos, conseqüentes à instalação de fortes sentimentos de inutilidade ou perda do sentido de pertencer à Organização.
2 – Efeitos das condições do trabalho sobre o desempenho:
Esses efeitos incluem questões ligadas à ergonomia, de maneira geral, e outras, tais como a neutralização das conseqüências de longos deslocamentos entre o trabalho e a moradia, da presença de fumantes, de períodos de esforço concentrado etc.
Por exemplo: Uma grande Organização foi forçada a manter um grupo de profissionais em local distante da sede, por motivos econômicos. Esse isolamento transformou-se em diferencial negativo.
3 – Alterações em desempenho e relações interpessoais ocasionadas pela presença, no ambiente de trabalho, de profissionais com transtornos mentais:
O indivíduo com algum tipo de transtorno mental apresenta produtividade insatisfatória, afeta o desempenho dos colegas, compromete o relacionamento com os clientes e, acima de tudo, sofre e faz sofrer os que com ele convivem.
4 – Aspectos psicológicos relacionados com seleção e desenvolvimento de pessoas:
A administração da porta de entrada tem importância estratégica, porque a porta de saída é estreita e dispendiosa.
Esses aspectos psicológicos dizem respeito aos candidatos, cujo estado emocional pode apresentar-se alterado no momento da seleção, aos responsáveis pela seleção, capazes de influenciar inconscientemente no processo, e ao empregador – algo muitas vezes negligenciado.
5 – Questões ligadas à liderança, à motivação e ao trabalho em equipe:
Os temas liderança e motivação encontram-se entre os mais estudados em Psicologia Organizacional.
Trabalho em equipe, por sua vez, recebeu extraordinária injeção de ânimo com o sucesso dos Círculos de Controle de Qualidade (CCQs).
Por Juliano de Paula Dias
BIBLIOGRAFIA
FIORELLI, José Osmir. Psicologia para administradores: integrando teoria e prática. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2004;
WEIL, Pierre. Manual de Psicologia Aplicada. 2ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1967.
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