Depois de escrever sobre o viaduto de Santa Tereza no post “No meu jardim não poderia faltar O VIADUTO DE SANTA TEREZA...”, fui pesquisar mais sobre o viaduto na internet e achei esse texto.
Olha que lindo...
O início da década de 20, Belo Horizonte vivia uma época de grandes mudanças. Deixara de ser um simples centro administrativo e burocrático para se converter num pólo industrial e comercial.
A construção de um Viaduto que liga o centro da cidade aos bairros Floresta e Santa Tereza, sobre o ribeirão Arrudas e os trilhos da Central do Brasil, surge como uma das grandes empreitadas da década.
A obra, custeada pela Prefeitura Municipal e pela Central do Brasil, só teve início em 1928. O viaduto recebeu o nome de Artur Bernardes, de acordo com projeto assinado pelo engenheiro Emílio Baumgart, um expoente entre os profissionais das estruturas de concreto armado no Brasil, que atuou junto ao grupo modernista carioca, formado por Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Alcides da Rocha Miranda, entre outros.
O arco parabólico, a parte mais importante e difícil do projeto, que consumiu 700 metros cúbicos de concreto, estava pronta em agosto. Em dezembro, os moradores da floresta usufruíam as vantagens da ligação com a Avenida Tocantins: “Aos domingos, quando começa a anoitecer, a Floresta derrama sobre o viaduto uns grupos alegres de moças bonitas. É footing, uma inauguração antecipada do viaduto”.
A obra era um assunto constante nas conversas da época. A elevação do Viaduto como que acalentava a fé na tecnologia que abriria à capital as portas da modernização.
A inauguração se deu em setembro de 1929. Estava concluída a que é até hoje a mais importante obra de arte de engenharia em área urbana do estado de Minas Gerais.
O Viaduto Santa Tereza tem sido uma referência urbana obrigatória para várias gerações de escritores e artistas. O Viaduto estendido por cima do turvo Arrudas, por cima dos trilhos da Oeste Central, reconduzia Carlos Drummond de Andrade da Rua da Bahia, fervilhante e moderna, para a Minas interior do alpendre com pinturas a óleo de castelos, do uivo noturno dos trens na noite silenciosa. Foi nesse clima que o poeta arriscou a loucura escalada dos arcos, rito de passagem, risco penitencial.
Vinte, trinta anos depois, outros poetas tentariam a escalada. A altura dos arcos foi aumentando na memória dos que foram moços na época, como lembra Humberto Werneck, no livro O Desatino da Rapaziada. Para Pedro Nava, “sua altura é vertiginosa”. Fernando Sabino a estima em 50 metros na primeira edição de Encontro Marcado, para reduzi-la a 30, na Segunda edição. Na realidade, são 14 metros do ponto mais alto ao nível dos trilhos.
"Na nova cidade, Drummond começaria a escrever sua história, “subindo Bahia e descendo Floresta”. Depois das reuniões costumeiras do Grupo Estrela na Rua
da Bahia, seja no Bar do Ponto, no Café Estrela, na Livraria Alves ou no Cine Odeon, Drummond voltava para casa compondo novos poemas. Desafiou a realidade do ar, passeando por cima dos arcos do Viaduto Santa Tereza. Contam que uma vez um guarda deu-lhe voz de prisão, e ele lá de cima respondeu ao guarda: “se quiser me prender vai ter que vir até aqui”. O guarda
tirou os sapatos, as meias e tentou subir no arco. Mas como não sabia poetizar, foi embora, fracassado no intento. Daí, imagino o poema que o Drummond não
escreveu: “Subíamos o mesmo caminho,/ Ele com um peso nas costas/ Eu leve como passarinho...”. Assim, como quem passa debaixo do Arco-íris se encanta, o arco-íris figurativo do viaduto, encantou o poeta e outros que vieram depois dele, passariam pelo mesmo “batismo literário” dos arcos do Santa Tereza, como: Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Murilo Rubião, Alphonsus Guimarães Filho."
Texto de Petrônio de Souza.
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