domingo, 19 de julho de 2009

Dor doída… Gestão do Prazer...

Será que dá para falar de duas coisas tão antagônicas, mas vividas intensamente quase que simultaneamente?
Vou tentar colocar uma pouco mais de emoção neste momento e abrir o meu coração para contar esta vivência.
Sem ansiedade e tranqüila acordei na sexta-feira de manhã para curtirmos um final de semana bonito, alegre e musical, eu, meu marido R e seus amigos.
Não sabia do que se tratava e só conhecia mesmo a amiga de R, OG e seu namorado LP, amigos, simpáticos, divertidos e agora namorados.
Uma linda fazenda do século XIX, bebidas e comidas e um grupo de novos amigos.
Fiquei sabendo que aquela preciosidade tinha pertencido a minha saudosa amiga M e seu irmão OV.


















A minha vida é pautada pela certeza de que estamos todos conectados em vários planos espirituais.
Sabia que existia alguma conexão ali, mas ainda não conseguia entender nem como e nem por que.
Deixei tudo acontecer como sempre faço nessas horas e tentei distrair-me com tudo e com todos.
Neste jantar foi fundada a Gestão do Prazer, que pretendo desfrutar muito com meu marido R e que merece um post futuro.























Após muitas palavras, aconchegos e carinhos, fomos convidados a pousar na fazenda e fiquei constrangida em aceitar, afinal que mulher pode passar uma noite fora de casa sem a sua nécessaire?
Mas o medo de andar 30 km de estrada de terra para chegar ao hotel, falou mais alto, então aceitamos o convite.
Depois de dormir um sono profundo e acordar totalmente descansada, fui tomar um café da manhã maravilhoso e como eu já conhecia alguns casos que minha amiga M tinha contado sobre a fazenda e já tinha até alguns fantasmas conhecidos, juro que viajei em tudo.
Depois de muitas conversas e com o pedido de todos para que nossa anfitriã contasse a história da fazenda, voltamos ao nosso hotel, empolgados, prometendo nos encontrar mais tarde.
Chegamos ao hotel e aí as conexões começaram a fazer sentido.
Quando fui ligar para a Verde, como sempre faço quando viajo, vi uma ligação perdida da minha mãe no meu celular e quando me virei para o meu marido R, ele lívido, intui que alguma coisa havia acontecido.
Ele tinha recebido uma ligação de minha cunhada dizendo que meu pai havia falecido. Só me lembro de ter dito ao meu marido R que eu não tinha perdido o meu pai naquele momento, eu o tinha perdido há mais de 30 anos e que toda aquela mágoa que um dia tinha existido já tinha sido resolvida com todos estes anos de terapia intensiva.
Sabe o que senti além de todo o carinho dos meus amigos e da minha família verde?
A dor mais doída da minha vida.
Quero agradecer a meu pai, pela grande família que ele construiu, apesar das limitações inerentes a todos os pais.
Ele conseguiu construir uma família extraordinária com pessoas ímpares.
Agradeço também a minha amiga M, que com certeza ajudou-o a passar pelo “túnel de luz” para a sua nova vida espiritual.
Tenho certeza que ela levou-me àquela fazenda, que foi uma de suas maiores perdas, para me preparar para esta perda tão prolongada e doída.


















Essa dor tão doída que guardo e sei de cor.
Essa canção do saudoso Sérgio Bittencourt, homenageando seu pai Jacó do Bandolim, foi tocada no bandolim pelo meu irmão MA no velório do nosso pai e me emocionou muito.

Naquela Mesa
Sérgio Bittencourt


naquela mesa ele sentava sempre
e me dizia sempre o que é viver melhor

naquela mesa ele contava histórias
que hoje na memória eu guardo e sei de cor

naquela mesa ele juntava gente
e contava contente o que fez de manhã
e nos seus olhos era tanto brilho
que mais que seu filho
eu fiquei seu fã

eu não sabia que doía tanto
uma mesa num canto, uma casa e um jardim

se eu soubesse o quanto dói a vida
essa dor tão doída, não doía assim

agora resta uma mesa na sala
e hoje ninguém mais fala do seu bandolim
naquela mesa ta faltando ele
e a saudade dele ta doendo em mim
naquela mesa ta faltando ele

4 comentários:

  1. É, realmente nada acontece por acaso... Que bom Lucinha que vc escreveu, compartilhou, faz um bem danado para o nosso coração. Eu bem sei! Nos ajuda a elaborar o luto: processo lento, doído e solitário. Só a gente sabe o que está sentindo...Um dia de cada vez, nem mais, nem menos!Beijuuss iluminados no seu coração.

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  2. QUERIDA AMIGA,
    AO MESMO TEMPO QUE ESTOU COM O CORAÇÃO TRISTE PELO SEU MOMENTO ,ELE TB FICA MARAVILHADA COM AS COISAS QUE VC ESCREVE.
    NADA PODIA ACONTECER DE MELHOR NA SUA VIDA ,DO QUE ESSE NOVO HABITO DE ESCREVER.
    A FORMA ROMANCIADA QUE VC NOS DESCREVE SEUS MOMENTOS,NOS FAZ VIAJAR E EMOCIONAR .
    BEIJOS NO CORAÇÃO E NA ALMA

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  3. Amigas com A maísuculo...

    Realmente está sendo supreendente conseguir escrever lembrando com riqueza de detalhes e muita emoção.
    Obrigada por estarem juntas compartilhando esta minha dor.

    Lucia

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  4. Lucia, receba meu abraço e meu carinho. Maravilhoso sua despedida escrita em verso e prosa.
    Kika

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