sexta-feira, 9 de abril de 2010

O mito de Procusto - "O leito de Procusto"...

No post - Livro da semana - O negócio dos livros - André Schiffrin, eu coloquei um trecho do livro que o autor usa a expressão "leito de Procusto":

"Recentemente, os editores foram colocados em um "leito de Procusto" e obrigados a se ajustar a um desses dois padrões: ou fornecedores de entretenimento ou produtores de informação.
Isso deixou pouco espaço para livros com idéias novas e controvertidas ou com estilos literários questionadores."


Resolvi fazer este post, por acreditar que cada um tem o direito de ser como é e por achar que o mito de Procrusto é perfeito para ilustrar o quanto as diferenças tem sido submetidas às "camas de Procrusto".

O mito de Procusto

Procusto representa a intolerância do homem em relação ao seu semelhante.
O mito já foi usado como metáfora para criticar tentativas de imposição de um padrão em várias áreas do conhecimento, como na economia, na política, na educação, na história, na ciência e na administração.

Procusto era um famoso salteador da Ática, antiga região grega que, segundo a tradição, dividia-se em doze estados pelasgos, os primitivos habitantes que povoaram a Grécia e a Itália por volta de 2000-1600 a.C., cujas cidades principais eram Atenas, Pireu e Elêusis.
Sanguinário ao extremo, Procusto não se limitava a assaltar os viajantes que transitavam pelas estradas onde ele exercia sua atividade criminosa, mas também os submetia a um suplício bárbaro: os prisioneiros eram colocados em uma cama, e os de pequena estatura, que não ocupavam toda a extensão do leito, sofriam um processo de estiramento com cordas ligadas a roldanas, para que se adaptassem perfeitamente a ele; já os de tamanho maior, simplesmente tinham as partes que sobravam cortadas a machado.
Os gritos dos mutilados eram ouvidos por toda a Grécia, até que uma deusa decidiu intervir.
Palas Atena, deusa guerreira e símbolo da sabedoria quis saber o que acontecia.
Procrusto justificou seus atos dizendo que agia conforme a justiça e a razão:
“As diferenças são injustas, pois permitem que uns se sobressaiam e subjuguem os demais”.
Convicto, ele afirmou:
“Minhas camas acabam com as diferenças, igualando a todos os homens. Isto é justo. Isto é razoável.”
Palas Atena ficou sem palavras!
Decepcionada, a deusa voltou ao Olimpo.
O silêncio de Palas Atena reforçou a crueldade de Procrusto.
Para ele, aquele silêncio era um sinal de aprovação.
Dessa forma, Procrusto continuava impune eliminando cruelmente as diferenças.
Em seu desvario, enquanto mutilava ele expunha suas razões para cada vítima.
Seu reinado de terror continuou até que foi capturado pelo herói ateniense Teseu, filho tanto de Egeu, rei de Atenas, quanto de Posêidon, deus do mar, e Etra, filha de Piteus, rei de Troezen que, em sua última aventura, prendeu Procusto lateralmente em sua própria cama e cortou-lhe a cabeça e os pés, aplicando-lhe o mesmo suplício que inflingia aos seus hóspedes.

Alienado em sua crueldade, Procusto achou que a visita de Teseu fosse amistosa.
Ele se autopromove sem o menor pudor:
“Convenhamos, bravo Teseu, minhas ações são todas muito razoáveis e justas.
Até mesmo a deusa Palas Atena veio me visitar; quando expus minhas razões, caro Teseu, ela simplesmente nao soube o que dizer”.
A resposta de Teseu deu fim aos suplícios de Coridalos:
“Louco! As pessoas são diferentes e cada um tem o direito de ser como é, uns grandes, outros pequenos.
Não é justo igualar os homens, impedindo que cada um seja como é”.
Enquanto ensina um pouco de ética e justiça, Teseu joga Procrusto em uma das camas, submetendo-o ao seu próprio método.
Depois de ter as pernas decepadas, o ex-gigante exclama “eu só estava sendo justo!”.
Teseu quis que o gigante experimentasse o próprio remédio.
Mesmo sem parte das pernas, o corpo ainda estava maior que a cama.
Teseu então ajusta Procrusto à própria cama cortando-lhe a cabeça.















O leito de Procusto é a metáfora da medida única: se sobra, corta; se falta, estica.
De fazer caber em uma única cama o que, por natureza, não tem medida única.
De tornar pessoas de diferentes tamanhos aleijados funcionais.

Fonte: Internet.

2 comentários:

  1. Bom dia.
    Excelente post, uma ajuda e tanto para quem está se envolvendo com esse lado da literatura.
    Passando para dar uma olhadinha nas novidades, como sempre correndo por causa do tempo na lanhouse.
    FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... deseja um bom final de semana para você.
    Saudações Florestais e Educacionais !
    Inaugurei esta semana o meu CADERNO DE RECEITAS, onde pretendo postar, na medida do possível, receitinhas de meus antepassados.
    MINHAS RECEITAS:
    http://www.blodasreceitas.blogspot.com/ MEU CADERNO DE POESIAS :
    http://www.blogdasilnunes.blogspot.com/

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  2. Olá Silvana!!!

    Obrigada pela sua visita.
    Vou adorar o seu caderno de receitas...
    Foi desse jeito que eu ouvi dizer é muito bacana.
    Adoro as suas estórias!!!


    Beijos

    Lucia

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