No instante de fúria, tudo parece conspirar para que você pule no pescoço de alguém: o coração dispara, as pupilas se dilatam, os músculos recebem mais sangue e se preparam para o ataque.
Seria um combate feroz se não fosse seu próprio cérebro, que, sem você contar até dez, se lembra das prováveis consequências do embate.
É fácil concluir que não existe vida social sem autocontrole.
A ciência provou e já deu até o endereço de onde fica a regulação das emoções no cérebro.
A boa notícia é que as últimas descobertas dão esperanças aos mais impulsivos: com treino, dá para melhorar o controle emocional.
Elisa Harumi Kozasa, neurocientista do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, é uma das autoras de um estudo recém-publicado na revista internacional "NeuroImage". A pesquisa comparou o desempenho de pessoas que meditam com o de quem não medita em uma atividade que exige controle de impulsos.
Saiu-se melhor quem meditava.
"O treinamento em meditação modifica as áreas cerebrais. O córtex fica mais espesso em partes relacionadas à atenção, à tomada de decisões e ao controle de impulsos", explica.
Além de meditação, os treinamentos para autocontrole envolvem terapia comportamental e técnicas de reconhecimento facial de emoções.
A ideia não é aprender a engolir sapos ou a forjar um pensamento positivo.
"Suprimir a raiva ou o estresse é 'autoilusão', não autocontrole. É preciso entender o que causa o impulso, não rejeitá-lo", diz José Roberto Leite, psicólogo e pesquisador da Unifesp.
Emoções são respostas do organismo a estímulos internos ou externos. O que determina o tamanho do pavio da pessoa ou o quanto ela é ansiosa não é só "gênio".
"Há um papel da genética, mas a influência do ambiente e do comportamento é grande. Quem vive em ambientes com pessoas ansiosas tem mais tendência a ser ansioso", explica Kozasa.
Sentir raiva ou nojo, duas emoções universais, é involuntário e fisiológico: todos sentem.
Mas o que será feito com esse impulso pode ser uma escolha, de acordo com a monja Coen, primaz da Comunidade Zen Budista.
"Podemos controlar o que fazemos com as nossas emoções. Para isso, é preciso saber reconhecê-las e nomeá-las." É aí que entra a meditação.
Fonte
Tweet
Nenhum comentário:
Postar um comentário