Resultado de cinco anos de pesquisas, livro traça panorama das empresas brasileiras e mostra por que antecipar mudanças pode fazer toda a diferença
Poucas palavras são tão comuns no vocabulário empresarial quanto "proatividade".
Mas, de tanto ser repetido, o termo acabou se consolidado mais enquanto um chavão de entrevistas de emprego do que como algo realmente compreendido por quem costuma citá-lo.
Para dois pesquisadores brasileiros, entretanto, o assunto tem sido alvo de incansáveis estudos que, depois de cinco anos do início das pesquisas, renderam seu principal fruto: o livro "Empresas proativas – como antecipar mudanças no mercado", que reúne dados sobre 257 organizações e para o qual foram ouvidos mais de 100 líderes, entre executivos e CEOs de grandes companhias nacionais e multinacionais atuantes no Brasil.
Como explica o professor Leonardo Araújo, um dos autores do livro, a partir da pesquisa, foi desenhado "um modelo que explica os antecedentes da ação proativa, ou seja, as capacidades que uma empresa precisa desenvolver para construir estratégias proativas de mercado".
Para ele, é possível, sim, "desenvolver a proatividade através de um modelo".
Mas que modelo é esse?
"Nós identificamos algumas capacidades essenciais para as empresas serem proativas.
Por exemplo: elas lidam melhor com o erro estratégico, não o tratam como algo vexatório.
Elas lidam melhor com o risco, porque sabem olhar para o futuro.
E uma coisa que os executivos com quem conversamos fizeram sempre questão de destacar é que não se faz uma empresa proativa sem pessoas proativas", explica Rogério Gava, o outro autor da obra.
Aqui, chegamos a uma das partes mais delicadas da questão, que é quando a proatividade passa a ser enxergada na perspectiva individual, não mais apenas na da empresa enquanto um todo.
"Fala-se muito em proatividade nas empresas.
Mas pouco se sabe, pouco se faz nesse sentido.
Por exemplo: como se identifica um profissional proativo numa entrevista?
Como eu desenvolvo a proatividade?
E aí o papel dos líderes nesse sentido é fundamental", afirma Rogério Gava.
"Não adianta as empresas quererem que as pessoas sejam proativas se elas não recompensam essa proatividade ou se elas só empurram as pessoas para os resultados de curto prazo.
Como uma pessoa vai buscar a proatividade – que muitas vezes é algo que não se dá no curto prazo – se, no primeiro erro, ela vai ser punida com a perda de um bônus, por exemplo?
Se ela não vê a empresa premiar as iniciativas proativas de longo prazo?", questiona o professor.
Ação x reação
Uma das conclusões da pesquisa foi de que 95% das empresas brasileiras costumam apenas reagir às situações.
"E isso não foi uma surpresa para nós, porque o comportamento reativo é o mais padrão dentro das organizações.
Preferimos esperar as mudanças acontecerem, porque é mais confortável, é menos arriscado, é uma área de mais segurança", afirma Leonardo Araújo.
Para os autores, entretanto, o preço a se pagar pela postura meramente reativa é a perda de espaço para os concorrentes que se colocam no mercado de forma proativa.
Segundo eles, as empresas que se antecipam – modificando a realidade posta de forma a gerar um novo cenário que lhes seja positivo – conseguem melhores resultados.
"Na pesquisa para o livro, pudemos constatar que, quando a empresa identificou a mudança de mercado, ela conseguiu uma melhor inserção competitiva, que, nos casos que estudamos, se deu de duas formas: market share, conseguindo uma maior fatia do mercado, e rentabilidade, conseguindo maiores ganhos naqueles serviços ou produtos específicos com os quais trabalha", explica Leonardo Araújo.
Veja a entrevista completa com os professores, em que eles explicam o processo de pesquisa para o livro e detalham outras constatações importantes presentes na obra.
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