sábado, 4 de fevereiro de 2012

E se Buda fosse coach?

As idéias de Sidarta Gautama sobre o desenvolvimento profissional não poderiam ser mais atuais. Contemporâneo de Pitágoras, Gautama fez parte da primeira geração conhecida de homens que se dispuseram a explicar o mundo a partir da razão, construindo as bases da Filosofia.
Não se interessava pelas questões metafísicas sobre as quais, considerava, só poderiam ser tecidas especulações.
Gautama concentrou seus esforços intelectuais na busca do "sentido da vida" buscando respostas para conceitos como felicidade, virtude e vida correta.
Sendo de família considerada rica para a época, cedo compreendeu que o status, os privilégios e o luxo não garantiam a felicidade.
Por outro lado, também acreditava que o ascetismo (abstinência e austeridade) era uma atitude pouco produtiva e insatisfatória.
Concluiu, então, que deveria haver um "caminho do meio" entre a autoindulgência e a automortificação, que poderia ser encontrado através da experiência e com o auxílio da razão.
Para resumir a essência de seu pensamento em um parágrafo, Buda (o "desperto" ou o "iluminado") considerava que o sofrimento era causado pela frustração de nossos desejos e expectativas (que ele chamou de "apegos"), cuja satisfação poderia trazer gratificação imediata, mas não o contentamento profundo e a paz de espírito.
Pregava a busca do "desapego" para alcançar o "não eu", uma libertação da tirania do que hoje chamamos de "ego".
Ele propôs um caminho (dharma) para alcançar esse estado libertação (o nirvana) - o caminho óctuplo – representado graficamente, na maioria das vezes, como uma imagem semelhante ao timão de um navio, indicando as 8 principais atitudes para o desenvolvimento pessoal:

- a compreensão correta;

- a consciência (ou pensamento) correta;

- a ação correta;

- a intenção correta;

- o modo de vida correto;

- o esforço correto;

- a concentração correta;

- a fala correta.

Um bom coach moderno não faria recomendações diferentes.
O principal fundamento do trabalho de coach é levar o coachee (cliente) ao autoconhecimento, à compreensão do seu entorno e ao entendimento de como suas ações impactam os resultados, permitindo que encontre o caminho para seu desenvolvimento.
De maneira geral, as melhores práticas recomendam que o coach tome situações reais do cotidiano do coachee e o ajude a analisá-las com certo distanciamento:

- descrevendo a situação;

- revendo sua interpretação;

- reconhecendo suas emoções;

- identificando sua intenção;

- ressaltando sua atitude;

- pontuando suas ações e o seu discurso;

- observando as reações;

- orientando sua atenção;

- evidenciando os resultados.

O que se espera é que exercícios como esse permitam ao coachee desenvolver um modo de atuação consistente e compatível com os resultados pretendidos e, eventualmente, reavaliar suas pretensões.
Esse trabalho é feito prioritariamente no âmbito profissional, mas não deixa de considerar os objetivos e características pessoais do coachee, entendendo que o trabalho é parte integrante de sua vida.
Dois mil e quinhentos anos depois de Gautama haver proposto seu dharma, os coachs, mesmo que sem se dar conta, aplicam seus ensinamentos para despertar seus coachees.

(referencia bibliográfica: "O Livro da Filosofia", vários (trad. Ziegelmeir, R.), Ed. Globo – 2011)

Fonte

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