terça-feira, 19 de julho de 2011

Ansiedade, mal moderno...

O sentimento é útil para enfrentar situações difíceis.
Quando sai do controle, porém, pode se tornar um transtorno.
A saída é aprender a controlar os pensamentos focando na realidade



Mal abrimos os olhos pela manhã e a nossa mente já elaborou uma lista gigantesca de coisas a fazer.
Antes mesmo de colocar os pés para fora da cama já estamos conscientes de que vai ser praticamente impossível cumprir todo o cronograma durante o dia.
Cansa só de pensar, não é mesmo?
É nesse ritmo cheio de expectativas excessivas em relação ao próprio desempenho que a ansiedade vai chegando de mansinho e se instalando em nossas vidas.
Principalmente em mulheres, que segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), são as mais atingidas pelo mal.
“Elas são mais ansiosas que os homens, por serem mais sensíveis a aspectos hormonais e às pressões sociais”, explica a psicóloga Patrícia Gebrim, de São Paulo.
O saldo final dessa situação inclui perfeccionismo e insatisfação, mesmo diante de bons resultados.
Aí, pronto.
O coração começa a palpitar, as mãos suam, surgem falta de ar ou tontura e uma série de outros sintomas desconfortáveis.
Em contrapartida, existe também a ansiedade “boa”.
Ela vem lá de trás, dos primórdios da humanidade, para ajudar o homem primitivo a enfrentar as situações ameaçadoras, dando-lhe coragem para fugir dos perigos.
Hoje em dia sua função é nos tirar do conformismo e conduzir-nos à ação.
“Uma pessoa que está ansiosa por uma apresentação para a diretoria de sua empresa, por exemplo, terá mais garra e desempenho para planejar melhor e com mais detalhes o trabalho”, sugere a profissional.
No entanto, é preciso ficar alerta: quando a intensidade desse sentimento ultrapassa certos limites, pode se tornar patológica, paralisando o indivíduo e prejudicando seu bem-estar e desempenho.

Foque nos fatos reais

Preocupações com trabalho, família, saúde e futuro deveriam ser encaradas como aspectos normais da vida.
Devido a nossos altos níveis de cobrança interna, porém, esses fatores se tornam causas de inquietação para a grande maioria das pessoas.
Queremos que tudo saia impecável e controlar o rumo das coisas.
Não admitimos perder nada.
Segundo dados da OMS, as mulheres são mais ansiosas que os homens
Essa mania de perfeição, principalmente quando está associada à insegurança, só alimenta a ansiedade e nos afasta cada vez mais da realidade.
Aceitar a situação como ela é, e não como gostaríamos que fosse, ajuda a poupar energias e a calar a aflição.
“Viva no agora!
Quanto mais necessidade uma pessoa tem de controlar o futuro, maiores são as chances de que ela sofra de ansiedade”, indica Patrícia Gebrim.
Para isso é preciso aprender a controlar os pensamentos e a lidar melhor com nossos erros e frustrações.
O psicólogo italiano Raffaele Morelli costuma dizer que “a ansiedade representa a vida não vivida ou a que relutamos em viver, aquela voz interior sugerindo o tempo todo que deveríamos estar em outro lugar”.
Nessas horas, a única atitude funcional é aquela que nos ajuda a focar nos fatos.
Nossa mente pode até dizer onde devemos estar, mas é aqui que estamos.

Os ansiosos

- Crianças com histórico familiar inconstante.
- Adolescentes cujos pais projetam muitas expectativas sobre seus resultados.
- Pessoas com poucos vínculos afetivos.
- Indivíduos que vivem situações de mudanças ou escolhas determinantes.

Quando ela se torna crônica

“Para a maioria das pessoas, esse sentimento é uma parte inevitável da vida”, escreve a médica americana Susan M. Lark no livro Ansiedade e Stress (editora Cultrix).
Na obra, que é fruto de mais de 20 anos de estudo sobre a relação entre ansiedade e tensão pré-menstrual (TPM), ela diz que embora o sentimento seja uma reação emocional muito comum, sua expressão pode assumir formas diferentes.
Como saber, então, se a ansiedade que sentimos quando precisamos enfrentar algo é normal?
“Se ela funcionar como um estímulo e não paralisar o indivíduo, então está tudo certo.
Mas se tomar proporções maiores pode causar transtornos de ansiedade [síndrome do pânico, fobias, transtornos obsessivo-compulsivos ou ansiedade generalizada]”, alerta Patrícia Gebrim. Nesses casos, pode ser necessária uma psicoterapia ou um acompanhamento psiquiátrico.

Válvulas de escape

Um pouco de estresse é inevitável na sociedade em que vivemos.
Mas não podemos esquecer que ele tem efeito acumulativo.
Portanto, para aguentar o tranco e seguir em frente sem perder o equilíbrio, é preciso encontrar algumas válvulas de escape.
Como praticar mais exercícios físicos ou terapias alternativas, por exemplo, que, além de conectá-lo com seu próprio eu, eliminarão as toxinas produzidas pela ansiedade, uma vez que o sentimento é um reflexo que prepara o corpo para fugir dos perigos.
Ou então, ter uma boa noite de sono, acompanhada de uma viagem relaxante, com muitas atividades divertidas, que o farão rir de si mesmo, de seus erros e de suas limitações.

Fonte

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