sexta-feira, 9 de julho de 2010

União de opostos pode dar certo, mas é preciso haver compreensão - Rosa Avello...

















Quando um parceiro é mais lógico e o outro mais emocional, não tem jeito: eles sentirão dificuldade de se compreender mutuamente.
Porém, não é porque temos tendência a pensar de determinado modo que não podemos nos esforçar para entender o modo de agir do outro.
Assim é que fazemos quando amamos e assim é que crescemos e nos tornamos melhores.
Recentemente escrevi, nesta coluna, sobre a Teoria dos Tipos Psicológicos, desenvolvida pelo psiquiatra suíço Carl G. Jung (1875-1961).
Apresentada em 1923, ela diz, basicamente, que preferências mentais inatas determinam o modo como vemos o mundo e fazemos escolhas, o que, como já dissemos aqui, gera conflitos na vida dos casais.
Mas há mais um aspecto nas conclusões de Jung que também impacta os relacionamentos: o fato de nos basearmos em apenas duas atitudes mentais para tomar nossas decisões.
Você deve estar se perguntando: "Como é que seres complexos como os humanos podem ter só duas atitudes para decidir?"
A explicação está na divisão de nosso cérebro em dois hemisférios.
Quando o direito é o mais usado, decisões e escolhas se baseiam em valores humanos, na harmonia e no que pode favorecer as pessoas e as relações.
Quando o esquerdo prevalece, as decisões são mais impessoais, lógicas, justas e analíticas.
Veja bem: não estamos falando da personalidade, mas do modo como a cabeça da pessoa funciona.
A melhor ilustração de mentes dos dois tipos é a história do rei bíblico Salomão (século X a.C.), que, diante da disputa entre duas mulheres que se diziam mães de um mesmo bebê, ordenou que este fosse cortado ao meio.
Assim, revelou a mãe verdadeira - aquela que abriu mão da disputa para preservar a vida da criança.
Salomão usou o hemisfério esquerdo ao tomar a decisão.
A mãe usou o direito ao desistir da contenda.
Nas relações afetivas, pessoas com atitude mental de escolha lógica acreditam que expressam amor ao parceiro quando o ajudam a resolver problemas, o apoiam na conquista de algum objetivo, provêm recursos para a vida a dois.
Pessoas cuja mente escolhe por afetos não reconhecem ações dessa natureza como expressões amorosas, preferem receber palavras e gestos carinhosos, elogios e presentes como sinais de amor.
Os dois também diferirão na hora de ouvir os problemas do parceiro.
Quem é de pensamento acredita que o outro precisa de ajuda quando fala de um problema.
Aí, naturalmente, tenta dar a solução pronta.
Já pessoas de sentimento partem do pressuposto que o outro pode querer apenas desabafar e ficam atentas aos seus sentimentos, em vez de dar a ele uma saída.
Esse é um ponto comum de conflitos entre casais.
A mulher, em geral de sentimento, chega em casa e quer desabafar com o marido certas dificuldades.
Se ele for de pensamento, reagirá oferecendo saídas que ela poderia ter usado.
Isso a irritará, uma vez que se julga capaz de encontrar as próprias soluções, o que ela queria era obter dele um pouco de "sensibilidade" ao final de um dia difícil.
Ele, por seu lado, se frustrará ao ver suas ideias rejeitadas.
Irritado, pensará: "Por que ela pede ajuda se não quer ser ajudada?"
Vê?
Não é que ele seja insensível.
Apenas seu processo mental é diferente do dela.
Difícil?
Nem tanto.
A união de tipos opostos pode ser feliz.
Basta que um pergunte ao outro como prefere ser tratado, ajudado, percebido - e aja de acordo com o que lhe foi dito.
Isso é possível porque, embora as preferências mentais sejam inatas, podemos desenvolver o modo de pensar dos tipos opostos.
É o que contribui para nosso crescimento e enriquecimento.

Rosa Avello, psicoterapeuta na capital paulista, é especialista em sexualidade humana pelo Instituto Sedes Sapientiae, em psicodinâmica aplicada aos negócios pelo Grupo Dirigido (GD) e na aplicação do MBTI (instrumento de identificação dos perfis psicológicos) pelo Instituto Felipelli.

Site: www.rosavello.com
E-mail: rosavello@uol.com.br

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