domingo, 6 de setembro de 2009

Danuza Leão - Quase tudo (Companhia das Letras)...




Um livro autobiográfico da cronista, que jamais usa guarda-chuvas, conta a
intensa história de sua vida.
Eu adorei e recomendo...






Danuza nasceu em Itaguaçu, Espírito Santo, em família de classe média. Chegou ao Rio aos dez anos, aos 15 já era habitué da casa de Di Cavalcanti e aos 18 foi a primeira modelo brasileira contratada por uma maison francesa. Amiga de mitos como Vinicius de Moraes, viu a bossa nova nascer em sua sala. A vida em Paris foi intensa, com destaque para a paixão fulminante pelo astro Daniel Gélin. “Perdido, casado e cheio de charme e sedução, daqueles a quem não se resiste – e eu não resisti” –, conta, expondo seu envolvimento com a droga da época: heroína.
Em 1953, acompanhou um amigo em uma visita a um preso famoso, detido por uma CPI que investigava seu jornal, a Última Hora. Era Samuel Weiner, com quem teve os filhos Deborah (a Pinky), Samuel (Samuca) e Bruno. Foram anos de noitadas sem fim e viagens incríveis, como à China de Mao Tsé-tung. “Apresentei Samuel à vida glamourosa e ele me apresentou ao poder.” O casamento tinha um rival imbatível: a Última Hora, fixação de Weiner. Aos 27 anos, exausta da ausência do marido, apaixonou-se pelo cronista e compositor Antônio Maria. “Mulato de pele clara, era gordo, muito gordo, e de bonito não tinha nada”, mas tinha o que ela queria: coração e ouvidos. “Venceu Antônio Maria, com o argumento simples (...) de que não poderia viver sem mim. E existe alguma coisa mais forte?”
Existia, sim: o amor pela liberdade. O ciúme de Antônio Maria destruiu o romance. O ano era 1964, Weiner estava exilado em Paris e foi lá que ela desembarcou com os filhos, retomando a amizade com o ex, apaixonado. “Desconfio que o mito desse amor – muito estimulado por ele – era um escudo para livrá-lo de compromissos mais sérios com as dezenas de namoradas que teve depois de mim. Grande estrategista, Samuel.”
O terceiro foi o jornalista Renato Machado. “Renato não podia – e continua sem poder – ver um rabo-de-saia, o que para mim não dá.” Quatro anos depois, voltava à vida de solteira. Danuza foi atriz, manequim, promoter, jurada de auditório, apresentadora, produtora de novela, dona de butique, relações públicas, colunista – e é cronista e escritora.
Antônio Maria morreu e Weiner também. Em 29 de junho de 1983, a maior de todas as tragédias que os anos 80 lhe reservaram: seu filho Samuca, repórter da Rede Globo, morreu em um acidente. Danuza conheceu a depressão e mergulhou no álcool. “Um dia eu bocejei, e morri de culpa, pois essa reação do meu corpo me lembrava que eu estava viva, e eu me sentia profundamente culpada de estar viva.” A última maldição da década foi a morte de Nara, em 1989.
Cronista da Folha de S.Paulo, Danuza só possui o imóvel onde mora – três quartos transformados em um. Diz viver uma boa fase da vida, modificada pelo sofrimento. “Aprendi a reconhecer os momentos felizes quando eles acontecem e não depois (...). Parece pouco, mas não é.” Pretende se casar de novo? “Só se me apaixonar.” Por essas e outras o livro tem um Quase. “Pode ter um próximo, com coisas que vão acontecer.” Aos 72, Danuza Leão continua como a manequim que virava Paris de pernas para o ar nos anos 50: sem guarda-chuva.

Fonte: Internet

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