quarta-feira, 27 de maio de 2009

O passado e o presente andam juntos pelo no meu jardim

Às vezes tenho dúvidas se gosto de Ouro Preto ou Vila Rica!!!
Costumo falar que quando estou em Ouro Preto com amigos e conseguimos nos reunir pelo menos em três, fazemos uma “Nova Inconfidência”.
É tão engraçado que parece que tudo vira um mote para conversa:

- O carnaval acaba com a cidade...
- Os estudantes não estudam e só fazem badernas, festas e tudo mais...
- O ouro-pretano não gosta de turista...
- Restaurante não é para beber cerveja...
- Republica vira pousada nos feriados...

Esquecemos que já fomos jovens um dia e nos tornamos muito críticos.
Fico me imaginando no século XVIII, a cidade com 300.000 habitantes, aquelas ruas cheias de liteiras, escravos, os inconfidentes vindos da Europa, inspirados com os ideais da revolução francesa.
Por 1/5 (20%) do ouro enviado a Portugal, Tiradentes foi esquartejado e os inconfidentes deportados e hoje a cidade com 60.000 habitantes, e eu nem me atrevo a comentar sobre o quanto pagamos de imposto preferindo pensar na beleza, arte e arquitetura da cidade e no amor que parece que ficou inscrustrado pelas ruas, desde Dirceu e Marília até os dias de hoje.
Eu aqui, escrevendo inspirada neste amor, vejo que continuamos os mesmos, com todas as dúvidas e ainda fazendo algumas escolhas questionáveis.
Como pôde Tomaz Gonzaga (Dirceu), depois de sentir e escrever sobre tão sublime amor, casar com a filha de um mercador de escravos na africa? Não era contra a escravidão? Vai entender...

Olha o que achei no Wikipédia:


===[[Marília de Dirceu]]===

As liras a sua pastora idealizada refletem a trajetória do poeta, na qual a prisão atua como um divisor de águas (a segunda parte do livro é contada dentro da prisão). Antes do encarceramento, num tom de fidelidade, canta a ventura da iniciação amorosa, a satisfação do amante, que, valorizando o momento presente, busca a simplicidade do refúgio na natureza amena, que ora é européia e ora mineira. Depois da reclusão, num tom trágico de desalento, canta o infortúnio, a injustiça (ele se considera inocente, portanto, injustiçado), o destino e a eterna consolação no amor da figura de Marília. São compostas em redondilhas menores ou decassílabas quebrados. Expressam a simplicidade e gracioso lirismo íntimo, decorrentes da naturalidade e da singeleza no trato dos sentimentos e da escolha lingüística. Ao delegar posição poética a um campesino, sob cuja pele se esconde um elemento civilizado, Gonzaga demonstra mais uma vez suas diferenças com a filosofia romântica, pois segue o descrito nas regras para a confecção de éclogas nos manuais de poética da época, que instruem aos poetas que buscam a superação dos antigos, imitando-os, a utilizações de eu-líricos que se aproximem as figuras de pastores, caçadores, hortelãos e vaqueiros.
Marília é ora morena, ora loira. O que comprova não ser a pastora, Maria Dorotéia na vida real, mas uma figura simbólica que servia à poesia de Tomás Antonio Gonzaga. É anacronismo destinar ao sentimento existente entre o poeta e Maria Dorotéia a motivação para a confecção dos poemas, tendo em vista que esse pensamento só surgiu com o pensamento Romântico, no século XIX. É mais cabível a teoria de inspiração no ideal de emulação, que configurava o sentimento poético da época, baseado nas filosofias retórico-poéticas vigentes, em que o poeta, seguinto inúmeras regras de confecção, "imitava" os poetas antigos procurando superá-los. Muitos pouco conhecedores de literatura podem acreditar que o poeta cai em contradições, ora assumindo a postura de pastor que cuida de ovelhas e vive numa choça no alto do monte, ora a do burguês Dr. Tomás Antonio Gonzaga, juiz que lê altos volumes instalados em espaçosa mesa, mas o fazem por analisar os poemas com critérios anacrônicos à época, analisam com pensamentos surgidos após o Romantismo, textos que o precedem.
É interessante atentar para alguns aspectos dessa obra de Gonzaga. Cada lira é um dialogo de Dirceu com sua pastora Marília, mas, embora a obra tenha a estrutura de um diálogo, só Dirceu fala (trata-se de um monólogo), chamando Marília em geral com vocativos. Como bem lembra o crítico Antonio Candido, o melhor título para a obra seria ''Dirceu de Marília'', mas o patriarcalismo de Gonzaga nunca lhe permitiria pôr-se como a coisa possuída. Sem esquecer que Tomás Antonio Gonzaga morreu de paixão. Ele foi mandando para a Ihla das Cobras no Rio de Janeiro, depois para Moçambique na África.Casando-se com uma filha de um mercador de escravos; diga-se de passagem: ''Logo ele que era totalmente contra a escravidão''.

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